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Pandemia e busca por estilo de vida mais saudável incentivou trabalhadores a adotarem a bicicleta como meio de transporte. Mudança de comportamento influencia novos residenciais, que dedicam mais espaços para a magrela
Luiz Fernando Rodrigues
13 de maio de 2021
Já virou tradição pegar a bicicleta para ir ao trabalho todas as segundas sextas-feiras de maio. Neste ano, a data, que foi adotada pela ONG Bike Anjo em 2013, será comemorada no dia 14. Este é o Dia de Bike ao Trabalho. Porém, muitos já adotaram as bicicletas como principal meio de transporte para se deslocar pela cidade, principalmente para ir ao trabalho, e as utilizam quase todos os dias. O cenário e o contexto da pandemia também motivou muitas pessoas a adotarem as bikes.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), entre junho e julho do ano passado houve um aumento de 118% nas vendas de bicicletas em comparação com o mesmo período de 2019. Os números comprovam que, diante do momento que exige isolamento social, as pessoas passaram a adotar a famosa “magrela” como alternativa de transporte, lazer e atividade física no auge da pandemia. A associação ainda destaca que houve um aumento de 50% ao longo de 2020 em comparação com o ano antecessor.
O betoneiro José Arnaldo Gomes da Silva passou a ir para o trabalho de bicicleta em março de 2020, um pouco antes da pandemia chegar em Goiás. Desde então, ele não pensa mais em usar o transporte público, principalmente como meio de evitar aglomerações dentro de ônibus. “Além disso, antes eu ficava 1h30 no ônibus até chegar ao serviço. Hoje, eu gasto 45 minutos”, diz o trabalhador que mora no Jardim Curitiba e se desloca até as obras do Mio, empreendimento da Terral Incorporadora que está sendo construído no Setor Marista.
Além de contribuir para a prevenção contra possíveis contágios com o coronavírus, ele ainda afirma que o deslocamento até o serviço de bicicleta tem contribuído para a sua saúde em geral e sua convivência com a família. “Eu chego bem mais disposto ao trabalho. Sem falar que posso ficar mais tempo com minha família, já que ganho o tempo em que ficaria no transporte coletivo”, afirma José Arnaldo.
Apesar desse crescimento acentuado, o aumento do uso de bicicletas já era realidade antes mesmo da pandemia. A modernização e o aumento do número de ciclovias e espaços destinados à prática do ciclismo já surtiam reflexo em anos anteriores. A produção de bicicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM), no acumulado entre janeiro e agosto de 2018, representou um aumento de 14,6% em comparação com o mesmo período de 2017.
Consciência sustentável
A coordenadora de marketing, pré-vendas e inovação da Terral, Talina Samuel, também resolveu adotar a bicicleta em outubro de 2020 após retornar ao trabalho em formato híbrido, mesclando o home office com o presencial. Apesar das dificuldades no início das primeiras pedaladas, Talina passou a se sentir mais disposta durante o dia e passou a pedalar em suas horas livres.
“Passei a sentir mais independência e bem-estar. Eu faço pequenas coisas no meu dia a dia que são pensando no planeta. A bike acabou sendo um incentivo bem sustentável pra mim”, destaca Talina, que mora a 2 km do trabalho e pedala cerca de 5 a 10 minutos para chegar ao local. “Sei também que morar perto do trabalho é um benefício favorável ao uso da bike e que nem todos têm esse privilégio, mas acredito que a medida em que as cidades evoluírem isso será cada vez mais viável para que mais pessoas optem pela bike no dia a dia”, completa. Antes, ela fazia o mesmo percurso à pé com duração de 15 a 20 minutos.
Tendência imobiliária
Essa tendência de uso de bicicletas no dia a dia fez com que empreendimentos imobiliários olhassem com mais atenção para esse meio de transporte que tomou conta das garagens de muitos residenciais. O Nest23, empreendimento da Terral Incorporadora que será construído próximo à Praça da T-23, no Setor Bueno, por exemplo, já contará com um bicicletário de mais de 53 m² que contará com suporte para 31 bicicletas. De acordo com o gerente comercial da Terral, Viktor Bandeira, o aumento das necessidades por uma vida saudável e por atividades físicas fez com que o equipamento se tornasse um item obrigatório.
“Não se pensa mais nem em um simples bicicletário, um espaço para guardar as bicicletas, mas em uma bike station, equipada com compressor de encher pneus, bike wash e ponto de recarga de bikes elétricas”, detalha o gerente comercial. Ele informa ainda que o empreendimento reservou de 3 a 4 vagas de automóveis para criar o espaço para os futuros moradores do empreendimento.
“Antes, os residenciais deixavam apenas um pequeno espaço que sobrava na garagem ou os moradores subiam carregando as bicicletas até os apartamentos, o que gerava certo incômodo. Hoje, as bicicletas estão muito mais valorizadas, com algumas chegando a valer mais de R$ 3 mil, o que exige mais cuidado”, completa Bandeira, ressaltando que a bike station do Nest23 contará com acesso biométrico e armários (lockers) para garantir ainda mais a segurança dos equipamentos.
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