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Seguindo orientações de decreto estadual e do plano de contingência do Seconci Goiás, empresas da construção civil incentivam o transporte privado de seus colaboradores para evitar as aglomerações do transporte coletivo
Luiz Fernando Rodrigues - Comunicação Sem Froteiras
27 de julho de 2020
Uma das questões que tem causado polêmica nesta pandemia é o transporte coletivo, por conta do alto risco de propagação do novo coronavírus, com constantes aglomerações em pontos de embarque e em terminais de ônibus. A preocupação gerou até uma proposta das empresas concessionárias do transporte coletivo para o fechamento dos terminais e criação de linhas diretas, mas sem definição até o momento. De outro lado, iniciativas são realizadas por empresas, como as do setor da construção civil, para providenciar outros meios de transporte e evitar que os funcionários precisem usar o transporte coletivo. Organização de carona entre colegas e locação de transporte particular fazem parte das estratégias adotadas.
“Boa parte das construtoras assumiram o transporte de seus colaboradores. Algumas passaram a arcar com os gastos de combustível dos trabalhadores, outros alugaram vans. Tudo isso para garantir mais segurança aos trabalhadores durante esse período de pandemia”, afirma o presidente do Seconci Goiás (Serviço Social da Indústria da Construção no Estado de Goiás), Yuri Vaz de Paula. A entidade elaborou um plano de contingência com essa, entre várias orientações, para auxiliar as empresas associadas a organizarem os canteiros de obras e a rotina dos trabalhadores com medidas de proteção sanitária.
Uma dessas empresas foi a CMO Construtora, que passou a dar auxílio transporte para os colaboradores que fossem ao serviço com transporte privado e dessem carona para aqueles que não tinham condução própria. “Mapeamos os bairros onde moram todos os nossos trabalhadores e começamos a distribuí-los conforme a disponibilidade de um outro colaborador que tem carro ou moto e que possa dar carona. Dessa forma, conseguimos fazer com que cerca de 600 funcionários de 5 obras da empresa evitassem o transporte coletivo”, explica o diretor técnico da CMO, Marco Aurélio Moreira.
O diretor da CMO ainda afirma que cerca de 30% dos trabalhadores já usavam o transporte privado para ir ao trabalho. Já aqueles que moravam em uma região distante e que não contavam com condução própria ou carona foram remanejados para outras obras que ficam mais próximas de suas casas. “Todos que usam o transporte próprio recebem cerca de R$ 90,00. Já aqueles que dão carona podem receber até R$ 360,00, que é o valor correspondente às quatro pessoas que podem ser transportadas dentro de um automóvel, conforme o limite de ocupação que passamos para cada motorista”, detalha Marco Aurélio.
Segundo Yuri Vaz, o decreto estadual 9.653 estabelece que a ocupação de cada veículo fica limitada à capacidade de passageiros sentados. “É importante que os integrantes dos automóveis também sigam outras medidas de prevenção, como o uso de máscaras durante o trajeto de ida e volta ao trabalho para evitar possíveis contágios”, explica o presidente do Seconci Goiás.
É o que acontece, por exemplo, no carro do pedreiro da CMO, Natal de Almeida Araújo. Ele dá carona para dois colaboradores do mesmo canteiro de obras onde atua e garante que todos façam o trajeto com máscaras e usando álcool em gel. “Esse período de pandemia despertou ainda mais o nosso espírito de solidariedade e, sabendo quem está viajando ao nosso lado, ficamos mais tranquilos”, explica o pedreiro que trabalha há 17 anos na construtora e sempre utilizou o transporte particular. “É uma situação que beneficia a todos, já que a empresa não para e os colaboradores podem ir trabalhar seguros, evitando o transporte público”, completa.
Outros benefícios
Outra empresa que adotou sistema parecido foi a GPL Incorporadora. Segundo o engenheiro civil e gerente técnico da construtora, Daniel Franco, a adoção dessa prática foi mais fácil porque mais de 60% dos 350 funcionários das quatro obras da construtora em Goiânia e Aparecida de Goiânia já usavam transporte privado, bastando adequar apenas o restante dos colaboradores.
“Agrupamos os colaboradores por região e fizemos a proposta de aqueles que já tinham transporte próprio dessem carona para aqueles que não tinham. Em troca, passamos a pagar esses trabalhadores com um vale-transporte e orientamos os funcionários a seguirem as medidas para evitar a propagação da doença, como o uso de máscaras dentro dos automóveis”, explica Daniel.
O prancheiro da GPL Incorporadora, Belciano Conceição Vieira, foi um dos beneficiados por essa ação. Antes, ele acordava às 4h30 e pegava três ônibus para chegar às 7 horas no serviço. Na volta, costumava chegar em casa após as 20 horas. “Agora eu saio mais tarde de casa e chego bem mais cedo, às 18 horas. Com isso, tenho mais tempo para passar com os meus filhos”, disse Belciano, que mora com dois filhos de 2 e 6 anos e a esposa.
O prancheiro vai todos os dias de moto com um colega da obra, mas mesmo assim, não costuma abrir mão da máscara. “Foi uma orientação que nos foi passada ainda no trabalho. Deveríamos usar a máscara em todo o trajeto. Recebemos máscaras para usar no serviço e no deslocamento, mas comprei outras para mim e minha esposa”, afirma o precavido Belciano.
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