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No Grupo Mauá, dois a cada três engenheiros de suas obras em Goiás iniciaram como estagiários. Isso inclui até mesmo o atual CEO da corporação
Cristiana Soares
18 de agosto de 2023
De acordo com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL Goiás), a oferta de vagas para estágio para o curso de engenharia civil aumentou 51,57% em 2023 (de janeiro a julho), em comparação aos mesmos meses de 2022. Foram 819 oportunidades a mais, o quinto no ranking dos estágios com mais vagas oferecidas. Para os estudantes de engenharia ambiental a oferta aumentou mais de três vezes, de 37 para 117 vagas, e para os estudantes de arquitetura, houve quase 25% a mais de vagas - um aumento de 97 vagas.
Na visão do presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Goiás (Sinduscon-GO), Cezar Mortari, o aquecimento da construção civil é um dos motivos para este incremento. Ele informa que, atualmente, existem 130 canteiros de obras ativos, só de grandes obras verticais. “Desde a pandemia, o volume de vendas e lançamentos é ascendente, com exceção do primeiro trimestre deste ano. Com isso, foi absorvida a mão-de-obra qualificada e, por meio do estágio, as empresas estão buscando preparar os futuros profissionais dentro de sua própria cultura daqui a dois anos”, diz.
Ele lembra ainda que as oportunidades para o estudante de engenharia são ainda maiores, pois a incorporação é apenas um terço do mercado imobiliário da construção - que inclui a autoconstrução, as pequenas construtoras e obras de desenvolvimento imobiliário. “A partir do Censo do IBGE, constatamos que surgiram 30 mil novos domicílios em média nos últimos 12 anos. Os apartamentos correspondem a 10 mil em média, segundo pesquisa da Ademi por meio do Instituto Brain”, explica.
Vantagens para o universitário
Se, para o mercado, a contratação de estagiários é uma estratégia para formar e treinar o futuro profissional dentro de sua cultura, para o estudante, o estágio vai além de ser uma porta de entrada para o emprego: pode ser também uma forma de construir uma carreira sólida.
No Grupo Mauá, por exemplo, que possui 26 anos de história, valoriza o potencial dos estagiários da engenharia e mantém uma forte cultura de absorver os estudantes. Atualmente, dos 29 profissionais que integram o quadro de engenheiros das obras em Goiás, 22 começaram como estagiários, ou seja, um índice de efetividade de contratação de 75%.
Um exemplo é o engenheiro civil Victor Nakamura. Chegou à empresa em 2010, quando cursava o 4º ano do curso de engenharia e hoje se tornou CEO do Grupo Mauá. “Quando entrei aqui, se me falassem que isso iria acontecer em pouco mais 10 anos, eu não acreditaria”, disse ele, que passou por diversos setores como estagiário, fase de muito aprendizado e ganho de conhecimento, em sua avaliação.
“A experiência dentro da obra é muito rica porque semana após semana, ela se transforma. É muita gente trabalhando, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Exige uma resiliência do time de gestão muito grande. Uma obra não sobe ao som de violino, mas não deixa de ser uma grande orquestra”, reflete
Como estagiário, sua primeira área foi o setor de qualidade, onde lidava com o pós-obra e aprendeu a identificar as falhas cometidas. “Depois, quando fui para o canteiro de obras, esse conhecimento me ajudou a enxergar os pontos da produção onde não poderíamos errar”, relembra. Planejamento e controle da obra foi a área seguinte e, já formado, atuou em obras de barragens no Tocantins, saneamento no Espírito Santo, aprovação de projeto de hotel em Gramado, entre outras.
“Hoje em dia, a gente percebe que a nova geração está muito imediatista. Mas o estagiário tem de ser focado no desenvolvimento profissional, e não no tempo em si. É esse aprendizado que irá trazer propulsão para você alcançar os seus objetivos em um prazo razoável. Há o tempo de plantar e o tempo de colher”, reflete.
Com 13 anos de casa, tornou-se CEO da holding Mauá. “Fiquei muito honrado com esta oportunidade, com a confiança dos sócios. Essa experiência multifacetada permitiu um ganho significativo de conhecimento e experiência na construção, que expande o contexto da obra, abre ainda mais os horizontes”, conta
Vale ressaltar que um dos fundadores do Grupo Mauá - que se chamava Grupo Toctao até pouco tempo atrás - foi, no passado, estagiário do outro fundador, que lhe convidou a se tornar sócio e abrir a empresa que, no início era apenas uma construtora, mas hoje tem atuação em 18 Estados brasileiros e em diferentes segmentos econômicos: seis empresas nas áreas de engenharia e edificações, energia, financeiro e tecnologia, ou seja, um grupo especialista em soluções sustentáveis.
Na jornada
A estagiária Bruna Rabelo de Lima, está construindo sua carreira através do estágio na Toctao Soluções de Engenharia. Com um ano e um mês de experiência, este é seu primeiro estágio, iniciado no quarto período de sua graduação.
Para Bruna, a oportunidade tem sido essencial para seu desenvolvimento profissional. Ela destaca a importância de vivenciar o mercado de trabalho e aprender com a prática diária e a convivência com os colegas e engenheiros da obra. "A faculdade dá a base, e o estágio prepara para o mercado. Sem o estágio, a pessoa segue despreparada", explica.
Na obra, ela conta que tem a compreensão real do funcionamento das atividades no campo. Durante esse período, a estagiária já teve a oportunidade de acompanhar a área de planejamento do Plateau D'or. Agora, há quase dois meses, ela está no canteiro de obra, acompanhando o trabalho diário e expandindo sua experiência nesse novo contexto.
"Com determinação e dedicação, busco me aprimorar constantemente, amadurecendo profissionalmente e adquirindo mais experiência para estar preparada para qualquer desafio que possa surgir em minha carreira como engenheira", conta Bruna, ao destacar o apoio dos gestores, engenheiros e colegas no dia a dia. “Esse apoio faz toda diferença nesta jornada de me preparar para o mercadol", afirma.
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