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Em pesquisa recente, capital ficou em 3º lugar em ranking nacional. Iniciativas privadas contribuem para esse reconhecimento
Reportagem Comunicação Sem Fronteiras
Atualizado em 07/04/2020
Em um ranking nacional sobre reciclagem, divulgado em julho de 2019 pelo jornal Folha de S. Paulo, Goiânia ocupa a terceira posição ao reutilizar 5,7% do lixo que gera. A capital de Goiás ficou atrás apenas de Florianópolis (SC) e Palmas (TO), que reaproveitam 6% de todo o montante de resíduos sólidos que produzem.
Para fazer jus ao reconhecimento, a capital goiana conta desde 2008 com o programa Coleta Seletiva que implantou na cidade o serviço de coleta seletiva porta a porta, e que atualmente atende a mais de 545 bairros. Mas antes disso, já no fim da década de 1990 empreendimentos imobiliários na cidade adotavam práticas de reciclagens, como o Aldeia do Vale, condomínio horizontal de alto padrão localizado na região leste da cidade, e que é pioneiro nesse tipo de prática.
De acordo com o supervisor do núcleo de conservação, limpeza e meio ambiente do Aldeia do Vale, Eustáquio Teixeira Júnior, os cerca de 3 mil moradores do residencial são orientados a separar o lixo orgânico, reciclável e sanitário diariamente. Segundo ele, por mês, são separadas, aproximadamente, 70 toneladas de resíduos orgânicos e 11 toneladas de recicláveis. Conforme Eustáquio, a grande maioria dos moradores do condomínio já é engajada à prática de reciclagem e o volume do que é arrecadado vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. “Para acelerar o processo, o condomínio contratou um agente ambiental para intensificar as ações de orientação e conscientização”, explica.
Eustáquio revela que além da conscientização ambiental, a coleta seletiva gera também economia para o condomínio, que deixa de gastar R$ 142,00 por tonelada de material descartável, que deveria ser encaminhado ao aterro sanitário se não fosse reaproveitado. Todo material plástico, vidros, papelões são devidamente separados para serem comercializados com cooperativas de reciclagem. O trabalho conta com cinco colaboradores e resulta numa renda mensal ao condomínio de aproximadamente R$ 2,5 mil. “Mas é possível economizar ainda mais e gerar mais renda. Só depende do morador”, antecipa.
CONSCIENTIZAÇÃO NO CANTEIRO
Bom exemplo a ser seguido, a Brasal Incorporações, empresa com atuação em Goiânia, Distrito Federal e Minas Gerais, trabalha a questão da reciclagem e da coleta seletiva antes mesmos de seus empreendimentos ficarem prontos, ou seja, já em suas obras. A empresa, que vinha adotando a prática em seus canteiros, também busca levar essas conscientização a seus colaboradores. Em uma de suas obras mais recentes, a do Cena Marista, em Goiânia, palestras e gincanas são promovidas em parceria com a Savana Meio Ambiente, empresa de consultoria ambiental.
De acordo com o engenheiro civil responsável pela obra, Leonardo Guimarães Andrade, periodicamente eles realizam eventos voltados para a coleta e separação de resíduos, sempre, com o intuito de fazer dos operários multiplicadores dessas boas práticas em suas famílias e comunidades. “O trabalho é de conscientização, os eventos têm momentos de vídeos explicativos, palestras e momentos com dinâmicas e gincanas” conta o engenheiro. Ele explica que em cada estágio da obra são produzidos diferentes tipos de resíduos, e que a separação desses materiais é feita de acordo com a necessidade de cada fase construtiva.
SABE POUCO
Uma pesquisa do Ibope realizada em 2018 revelou que apesar de considerar os cuidados com o meio ambiente uma das maiores preocupações da atualidade, os brasileiros ainda sabem pouco sobre coleta seletiva e com isso a prática fica comprometida. Entre os entrevistados, 76% admitem não fazer nenhuma separação de resíduos em sua residência, o estudo ouviu 1.816 pessoas em todos os estados e no Distrito Federal.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrepel), em 2017 o Brasil produziu 214.868 toneladas de lixo, sendo coletadas apenas 196.050 delas. As outras 7 milhões, que não foram coletadas adequadamente, são equivalentes a 6.100 piscinas olímpicas e ilustram a afirmação de que a coleta no país ainda é precária. Para Carlos Silva Filho, diretor da Abrelpe, o déficit decorre da falta de recursos dos municípios para o serviço e falta de adesão da população.
Já Goiânia, apesar de estar entre as cidades que mais reciclam seu lixo, ainda está longe de atender a meta estabelecida no Plano Nacional de Resíduos Sólidos, reciclar até 15% dos resíduos produzidos. Na capital, 15 cooperativas conveniadas ao programa municipal de Coleta Seletiva são apoiadas com espaços, materiais e recursos. Todo o lixo recolhido pelos caminhões da prefeitura é doado a esses grupos.
De acordo com o Cempre Review 2019, estudo realizado pela associação Compromisso Empresarial para Reciclagem, a reciclagem poderia evitar o lançamento de 7,02 milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera e gerar uma economia R$ 1,1 milhão por dia em nível nacional. O estudo alerta para o longo caminho que o país ainda tem para percorrer, além da responsabilidade social da prática da reciclagem correta
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